As crianças apanhavam com tudo que tinha pela frente. Fio, pau, cinto. Ficavam ajoelhados em cima de tampinhas de refrigerante. Sofriam muito. Esse é o relato de um vizinho que mora ao lado do casal que é suspeito de ter espancado quatro sobrinhos, que moravam com eles. A agressão teria causado a morte de uma menina de seis anos e os ferimentos de três irmãos dela.
De acordo com a Polícia Civil, as crianças apanharam porque pediram comida aos vizinhos. Os tios teriam ido para o Distrito Federal e deixado as quatro crianças sozinhas. Com fome, elas bateram na casa ao lado e perguntaram se tinha lanche ou almoço. Uma das vizinhas teria repreendido o casal posteriormente, pedindo que não deixasse os sobrinhos sem alimento.
É um caso que chocou até mesmo quem está acostumado a trabalhar perto da violência. Aqui na delegacia, eles confessaram todo o crime, com riqueza de detalhes e muito friamente. Disseram que a menina de seis anos morreu porque não estava acostumada a apanhar como a de quatro. É porque, segundo a tia, a sobrinha do meio sempre fazia xixi ou fezes nas roupas. Como punição, apanhava muito, disse Antônio Humberto Costa, coordenador do grupo de homicídios de Planaltina de Goiás.
A criança de quatro anos continua internada no Hospital Municipal de Planaltina de Goiás porque quebrou o braço. Os outros dois irmãos de oito anos e um foram encaminhados para o Orfanato Filhas de Maria, que também fica na região. O estado de saúde deles é bom.
O casal estava com os irmãos havia quatro meses, desde que os pais das crianças foram presos por tráfico de drogas. O Conselho Tutelar informou que não sabia do caso até ser acionado por um dos vizinhos na quarta. Segundo o conselheiro Paulo Freire, as crianças foram torturadas ao longo do tempo.
A intenção do casal era matar todos os sobrinhos. Eles não foram agredidos, eram torturados. Tem marcas de cigarro no corpo das crianças, sabe? É um caso chocante, revoltante. Eles alegam que pegaram os sobrinhos porque estavam abandonados, na rua. Mas o que fizeram foi pior. Os meninos nem frequentavam a escola. Se fossem, alguém já teria percebido, denunciado mais rápido e a menina de seis anos até poderia estar viva.
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