quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Polícia pede prisão de acusado de desviar dinheiro arrecadado para tratamento do filho

Bebê Jonatas no primeiro dia de tratamento com medicamento importado dos EUA   (Crédito: Reprodução/Facebook)
A Polícia Civil de Joinville (SC) indiciou os jovens Renato e Aline Openkoski, pais do bebê Jonatas, pelos crimes de estelionato e apropriação indébita, cujas penas somadas podem chegar a nove anos de prisão. A polícia também pediu a prisão de Renato, sob a justificativa de que ele é o principal articulador dos crimes e diante da constatação de que eles continuam praticando o estelionato arrecadando dinheiro por meio de sensibilização das pessoas. Além deles, o médico Danny César de Oliveira Jumes também foi indiciado pelo crime de falso testemunho.

Os objetos apreendidos pela polícia na residência do casal em um mandado de busca e apreensão em fevereiro, entre eles um carro avaliado em cerca de R$ 140 mil, televisão, óculos, perfumes, camisas de time de futebol, roupas e brinquedos, foram remetidos ao fórum de Joinville com a sugestão de que sejam leiloados e o dinheiro seja revertido para o tratamento da criança.
O casal estava sendo investigado pela delegada Georgia Marrianny Gonçalves Bastos, titular da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de Joinville desde o começo deste ano sob a suspeita de desvio e mau uso do dinheiro arrecadado para o tratamento da doença do filho em campanhas na internet. Jonatas é portador da atrofia muscular espinhal tipo 1 (AME), uma doença genética rara, progressiva e extremamente incapacitante, que pode levar à morte em pouco tempo.
Com a ajuda de milhares de doadores desconhecidos e de celebridades como a atriz Danielle Winits; as duplas Victor e Léo e Zezé Di Camargo e Luciano; as apresentadoras Ana Hickmann e Eliana; o cantor Luan Santana, entre outros, os pais de Jonatas arrecadaram cerca de 4 milhões de reais em aproximadamente três meses – quantia mais do que suficiente para iniciar o tratamento do menino com o medicamento Spinraza, que promete estabilizar a progressão da doença e até mesmo recuperar movimentos perdidos em alguns casos. Cada dose da medicação custa em torno de 350.000 reais – são necessárias pelo menos quatro ampolas nos dois primeiros meses de tratamento, além das doses de manutenção a cada quatro meses.
O problema surgiu quando o casal Renato e Aline começou a alterar o padrão de vida, chamando a atenção dos doadores anônimos. De um lado, por meio das páginas nas redes sociais, a população pedia transparência e prestação de contas do uso do dinheiro. Do outro lado, Renato e Aline compraram um carro de luxo no valor de 140.000 reais, mudaram de casa, trocaram os aparelhos de celular por modelos mais modernos, gastaram dinheiro em compras supérfluas, como óculos, perfumes, joias e roupas para eles – e não para o bebê.
A gota d’água aconteceu em dezembro do ano passado, na semana do ano-novo, quando o casal viajou para Fernando de Noronha (um dos destinos turísticos mais caros do Brasil) com o dinheiro arrecadado na campanha, acompanhados do médico Danny César, de Balneário Camboriú. Só de passagens aéreas – pagas em dinheiro e à vista – foram quase 8.000 reais. Lá no arquipélago, passaram a virada do ano na disputada Pousada do Zé Maria, reduto de famosos, cujos ingressos da ceia estão à venda neste ano por 1.318 reais mais taxas, para homens, e 1.048 reais mais taxas, para mulheres.
Após a viagem, os doadores começaram a exigir prestação de contas – algo jamais feito pelos pais. Além disso, o casal nunca cumpriu um acordo judicial firmado com o Ministério Público e com a Justiça de Joinville de fazer o depósito judicial do dinheiro arrecadado e de prestar contas mensalmente. Por causa disso, em janeiro, a Justiça bloqueou as contas do casal e, desde então, o dinheiro tem sido liberado judicialmente apenas após a apresentação de notas ou documentos que comprovem os gastos.

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